Ah, essa tal de felicidade...
Entre ontem e hoje li dois textos legais sobre felicidade. Um é do Alex Castro, que escreve para o Papo de Homem. Belo texto, elemento de sua série de palestras (e em breve livro, As Prisões). Leia o dito cujo aqui.
Outro é uma entrevista de 2005 com Allan Wallace à revista Tricycle. Para quem não o conhece, ele é um dos principais estudiosos ocidentais sobre práticas contemplativas do budismo. É uma entrevista com cara de conversa entre bons amigos, lições gentis para um mundo que pouco tem valorizado a gentileza.
Ambos os textos diferem em vários pontos, mas me colocaram para pensar no assunto hoje, pois tem como principal elemento a busca pela felicidade como fonte de sofrimento. Afinal, todos queremos ser felizes, satisfeitos, onde está o mal em buscar isso para si?
Faço aqui uma breve reflexão, olhando para meu próprio umbigo.
Não sei quanto a vocês (e gostaria de saber!), mas tenho tido experiências muito ricas nos últimos anos ao pensar com calma, direitinho, no que é esse negócio de felicidade. No que significa para mim ser feliz. É um caminho longo (que pode inclusive trazer mais confusão à sua cabeça), mas que, semana aqui, semana ali, traz algumas conclusões que ficam para a vida. Trago aqui duas, mas certamente voltarei a esse assunto.
A que está mais presente no meu dia a dia: felicidade é transitória, um breve momento. Mesmo quando muito felizes por algum motivo, esse sentimento não permanece com igual intensidade por todo seu dia ou seus dias. Ela dá lugar a outros estados de espírito, que não são necessariamente piores, apenas diferentes e igualmente transitórios. Logo, quando caiu essa ficha para mim, passei a aceitar e respeitar meus outros estados e humores, mesmo os que tanto sempre repeli, como a raiva, a vergonha, a inveja. Aceitar essa impermanência permite viver mais saborosamente o momento feliz (que, puxa, vai passar) e menos reativamente os tempos de mau humor. Trocando em miúdos, somos várias coisas, mas podemos estar felizes em alguns períodos da vida.
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Putz... adoro café com bolo! |
Outra muito importante para mim: felicidade não é o que atingimos. Sejam patrimônios, roupas, conquistas amorosas, profissionais, esportivas, etc. O que fazemos pode nos despertar o sentimento de felicidade, mas a conquista não é a felicidade em si. Parece óbvio, mas não se dar conta dessa diferença básica nos leva a fazer associações automáticas como "quando tiver aquele carro, serei bem mais feliz" ou "quando viver naquela relação com aquela pessoa serei feliz". (Com o tempo, as armadilhas ficam mais fáceis de se identificar, uma vez que no parágrafo anterior percebemos que não somos, mas estamos felizes...) Para mim, desde que me dediquei mais seriamente à meditação as coisas ganharam valor muito mais pelo como fazer do que o que se atingir. O papel da meditação também fica para outro post.
Vejam que sou mero iniciante na busca pelo autoconhecimento e as ferramentas utilizadas nessa busca. Sintam-se livres a comentar, sugerir, criticar. Adoraria conhecê-los melhor.
Um abraço, bom final de quinta!
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