Passaram bom fim de semana? Espero que sim.
Começo a semana com uma notícia ótima: as peças de minha moto atual chegaram e voltarei a pilotar diariamente, como de costume! Estava com saudades dela... :)
Mas, como nem tudo é perfeito, me questionei se não estaria enferrujado após 2 meses sem sentar a bunda na motoca. "Será que não vou cometer nenhuma barbeiragem? Será que não vou cair de novo?" A insegurança me durou pouco, pois logo me recordei de uma postura inerente minha que me permitiu consistente evolução nas minhas diferentes habilidades: buscar a suavidade. Logo, falando novamente da moto, senti que não daria nada errado, pois a conduziria com atenção e respeito. Suavidade.
![]() |
Quase 2 meses sem ver a rua... Agora está solta novamente! |
De onde tirei isso? Bem, ao longo da vida, todos tivemos professores de diferentes tipos, em diferentes modalidades - e não estou falando só de ensino formal, alguns são professores da vida mesmo. Pensando em atividades mais lúdicas, professores de educação física, de natação, de futebol, de basquete, de musculação, de música... durante minha vida, entrei em contato com estilos diferentes de lecionar, mas poucos se esqueciam de recomendar aos novatos: "prestem atenção ao movimento, façam beeem lentamente que logo vocês pegam o jeito". Bem, isso ficou na minha cabeça e, como bom aluno que era, praticava exaustivamente o movimento correto e suave, mesmo quando já deveria estar em outra lição.
Foi quando, há alguns anos atrás, entrei em contato com essa coluna do Bob Sharp no Best Cars Web Site. Texto muito bom, que fez o mais completo sentido para mim, inclusive em aspectos filosóficos rsrs... Sou fã desse cara - e de outros do blog Auto Entusiastas -, que escreve muito bem, com fluidez e descontração, sem deixar de lado o rigor técnico e suas opiniões bem particulares. O texto em si faz referência às vantagens da direção suave, para o piloto, os ocupantes, o conjunto mecânico, nada de mais.
Mas o interessante mesmo foi quando trouxe a lição do texto para minha prática diária. Uau, que diferença! Dirigir - essa habilidade que logo automatizamos por completo, mesmo os que curtem dirigir - passou a ser um exercício de tão completa atenção e presença, que teve reflexos também na forma de me ver no trânsito. Ao dirigir suavemente, pude olhar para o que faço inconscientemente e sem qualquer preocupação. Pude rever minha postura frente aos outros agentes do trânsito - pedestres, motociclistas, outros motoristas - e perceber que fazia várias pequenas barbeiragens ou simplesmente era indelicado em algumas situações. Tomando consciência, pude corrigir, e hoje me considero um motorista mais calmo, educado e empático aos demais.
Contudo, a suavidade me permitiu melhorar minhas habilidades ao dirigir rápido também. Não me considero inconsequente, mas tenho minhas curvas preferidas na cidade e gosto de fazê-las bem feitas, mesmo rápido. Ser delicado na direção, conhecendo melhor as reações do carro ou da moto, permitiu me divertir mesmo ao conduzir pessoas dormindo, sem incomodá-las durante a viagem! A sensação é ótima, sobretudo por ter diversão bem aquém do limite do controle sobre o veículo. A curtição é a execução perfeita, ou quase. Enfim, leiam o texto do Bob Sharp e entenderão do que estou falando.
"Ok, para dirigir ser suave é massa. Mas onde se aplica isso no resto da vida?" Bem, o que aprendi - tenho aprendido - é que, inconscientemente, vivia em um estado mental em que pouco cultivava a suavidade com as situações da vida, com os grandes projetos e comigo mesmo. A delicadeza que tinha cultivado tanto para dirigir e pilotar minha moto não se expressava nas demais ações práticas do cotidiano. Seja por estar remoendo alguma fala indelicada ou alguma decisão do passado, seja por estar antecipando um resultado positivo ou construindo mentalmente um cenário (ou cenários), vejo hoje que passei pouco tempo atento ao momento presente - atitude sem a qual não se consegue ser suave no que está conduzindo. Exatamente como era ao conduzir despreocupadamente, pensando na lista do supermercado, mas fechando o motorista ao lado.
"E quando precisamos brigar?" Eu que pergunto: "Quando precisamos brigar?" Encaro os desafios com muito mais gentileza comigo mesmo, com expectativas muito mais realistas e suavidade com todos. Encaro os fatos, não as pessoas. Vejo o lado positivo de ações diversas do cotidiano, enquanto olho friamente para os obstáculos e visualizo a solução, não sendo deixado dominar pelo problema. Com suavidade, assim como o movimento habilidadoso que corrige uma derrapagem na curva, me sinto capaz de me manter íntegro e apto a enfrentar o que vier.
Claro, isso não surge do nada. É uma habilidade a ser desenvolvida, que podemos desenvolver sempre. A suavidade hoje retorna à ordem do dia em minha vida e espero que não saia nunca.
Boa semana a todos.