segunda-feira, 17 de março de 2014

Seja suave

Boa tarde! 

Passaram bom fim de semana? Espero que sim.

Começo a semana com uma notícia ótima: as peças de minha moto atual chegaram e voltarei a pilotar diariamente, como de costume! Estava com saudades dela... :)

Mas, como nem tudo é perfeito, me questionei se não estaria enferrujado após 2 meses sem sentar a bunda na motoca. "Será que não vou cometer nenhuma barbeiragem? Será que não vou cair de novo?" A insegurança me durou pouco, pois logo me recordei de uma postura inerente minha que me permitiu consistente evolução nas minhas diferentes habilidades: buscar a suavidade. Logo, falando novamente da moto, senti que não daria nada errado, pois a conduziria com atenção e respeito. Suavidade.

Quase 2 meses sem ver a rua... Agora está solta novamente!

De onde tirei isso? Bem, ao longo da vida, todos tivemos professores de diferentes tipos, em diferentes modalidades - e não estou falando só de ensino formal, alguns são professores da vida mesmo. Pensando em atividades mais lúdicas, professores de educação física, de natação, de futebol, de basquete, de musculação, de música... durante minha vida, entrei em contato com estilos diferentes de lecionar, mas poucos se esqueciam de recomendar aos novatos: "prestem atenção ao movimento, façam beeem lentamente que logo vocês pegam o jeito". Bem, isso ficou na minha cabeça e, como bom aluno que era, praticava exaustivamente o movimento correto e suave, mesmo quando já deveria estar em outra lição.

Foi quando, há alguns anos atrás, entrei em contato com essa coluna do Bob Sharp no Best Cars Web Site. Texto muito bom, que fez o mais completo sentido para mim, inclusive em aspectos filosóficos rsrs... Sou fã desse cara - e de outros do blog Auto Entusiastas -, que escreve muito bem, com fluidez e descontração, sem deixar de lado o rigor técnico e suas opiniões bem particulares. O texto em si faz referência às vantagens da direção suave, para o piloto, os ocupantes, o conjunto mecânico, nada de mais. 

Mas o interessante mesmo foi quando trouxe a lição do texto para minha prática diária. Uau, que diferença! Dirigir - essa habilidade que logo automatizamos por completo, mesmo os que curtem dirigir - passou a ser um exercício de tão completa atenção e presença, que teve reflexos também na forma de me ver no trânsito. Ao dirigir suavemente, pude olhar para o que faço inconscientemente e sem qualquer preocupação. Pude rever minha postura frente aos outros agentes do trânsito - pedestres, motociclistas, outros motoristas - e perceber que fazia várias pequenas barbeiragens ou simplesmente era indelicado em algumas situações. Tomando consciência, pude corrigir, e hoje me considero um motorista mais calmo, educado e empático aos demais.

Contudo, a suavidade me permitiu melhorar minhas habilidades ao dirigir rápido também. Não me considero inconsequente, mas tenho minhas curvas preferidas na cidade e gosto de fazê-las bem feitas, mesmo rápido. Ser delicado na direção, conhecendo melhor as reações do carro ou da moto, permitiu me divertir mesmo ao conduzir pessoas dormindo, sem incomodá-las durante a viagem! A sensação é ótima, sobretudo por ter diversão bem aquém do limite do controle sobre o veículo. A curtição é a execução perfeita, ou quase. Enfim, leiam o texto do Bob Sharp e entenderão do que estou falando.

"Ok, para dirigir ser suave é massa. Mas onde se aplica isso no resto da vida?" Bem, o que aprendi - tenho aprendido - é que, inconscientemente, vivia em um estado mental em que pouco cultivava a suavidade com as situações da vida, com os grandes projetos e comigo mesmo. A delicadeza que tinha cultivado tanto para dirigir e pilotar minha moto não se expressava nas demais ações práticas do cotidiano. Seja por estar remoendo alguma fala indelicada ou alguma decisão do passado, seja por estar antecipando um resultado positivo ou construindo mentalmente um cenário (ou cenários), vejo hoje que passei pouco tempo atento ao momento presente - atitude sem a qual não se consegue ser suave no que está conduzindo. Exatamente como era ao conduzir despreocupadamente, pensando na lista do supermercado, mas fechando o motorista ao lado.

"E quando precisamos brigar?" Eu que pergunto: "Quando precisamos brigar?" Encaro os desafios com muito mais gentileza comigo mesmo, com expectativas muito mais realistas e suavidade com todos. Encaro os fatos, não as pessoas. Vejo o lado positivo de ações diversas do cotidiano, enquanto olho friamente para os obstáculos e visualizo a solução, não sendo deixado dominar pelo problema. Com suavidade, assim como o movimento habilidadoso que corrige uma derrapagem na curva, me sinto capaz de me manter íntegro e apto a enfrentar o que vier.

Claro, isso não surge do nada. É uma habilidade a ser desenvolvida, que podemos desenvolver sempre. A suavidade hoje retorna à ordem do dia em minha vida e espero que não saia nunca.

Boa semana a todos.



sexta-feira, 14 de março de 2014

Pra que pilotar moto?

Olás! Bom dia!

Não quero transformar o blog em uma biografia minha, acho que seria muito chato e descritivo. Mas é um meio de se começar a contar um pouco de minha vivência em alguns assuntos. O último post foi meio existencial, reflete uma busca recente minha e tal... Mas vou usar esse espaço para falar de coisas mais mundanas e corriqueiras também. Aguarde.

Hoje deu vontade de falar dessa atividade que gosto tanto: pilotar moto. A primeira coisa que minha família me disse é o que quase todo motociclista passou antes de começar com as motos, "nossa, é tão perigoso", "morre tanta gente", "o primo da cunhada de um amigo meu morreu de acidente de moto"... Ou seja, puxa, andar de moto é mortal!

Mas foi uma decisão bem racional, tomada já aos 27 anos de idade. Acabara de juntar os trapos com minha esposa, vivíamos em uma quitinete no subsolo (bom espaço interno, mas meio insalubre) e ainda nos acertávamos com a rotina de casa. Ela tinha um Fusca 1980, o Severino. Aparentemente, em bom estado, mas quebrava mensalmente por motivos diferentes - bobina, bomba de combustível, suspensão, carburador, pneu furado, etc. Até que, enfim, morreu de problemas graves no monobloco, que custariam caro para consertar.

Nos enroscamos com a rotina de carro partilhado, meu lindo Uno Mille Way - meu primeiro carro zero, adorava ele. Quando me deu a ideia de deixar o carro com ela e usar moto para me deslocar para o trabalho, que ficava a 5km de casa. Seria uma moto usada e barata, na casa dos 4 mil reais, só meio de transporte mesmo. Assim foi feito, comprei uma Honda XR 200R em ótimo estado.

Olha que motoca simpática. Saudades dela...

Simples, barata, leve. Teve paciência de me levar para muitos lugares e eu tive bastante paciência de chegar, pois ela curtia mesmo era andar até 80km/h. Mais que isso, reclamava um pouco. Boa de usar e pouco visada para furto ou roubo.

E aqui que entra o porquê dessa postagem. Escolher usar moto no dia-a-dia foi daquelas surpresas boas que a vida te traz sem um planejamento muito concreto. E, engraçado, as coisa só acontecem na hora certa. Sempre gostei de carro, motores, pilotagem, velocidade... mas nunca liguei muito pra motos. Achava, vejam só... perigoso! Pois o que me trouxe a elas foi tudo menos a velocidade e a adrenalina. E a XR foi uma ótima primeira moto. (No futuro, falarei das minhas motocas seguintes e o que me ensinaram. Aguardem.)

Com o tempo, sua importância se revelou não só pela conveniência de não mais planejar tanto trajetos e caronas, mas pela descoberta de uma nova diversão na rotina diária. Além de mais agradável chegar logo no trabalho, com menos tempo parado no trânsito, a pilotagem em si é muito prazerosa. Foi uma nova dimensão que se abriu nesse meu mundo dos veículos, até então fechado em carros. Por anos perdurou - e perdura, eu diria - a sensação de brinquedo novo.

Mas o parágrafo anterior não responde completamente à pergunta do título. São apenas as impressões iniciais à época, que depois, com mais estudo e experiências na moto, se transformaram em conceitos consolidados na minha cabeça. Algumas conclusões:

1. Pilotar moto não é um ato de bravura, mas a opção consciente por uma vida mais prazerosa no trânsito. Ponto. (Sim, alguns vão se acidentar, assim como são atropelados ou se cortam na cozinha ou se caem no chuveiro...)
2. Pilotar permite uma interação diferente com os outros elementos das ruas, da sua cidade e até mesmo com as pessoas. Estacionar uma moto em um cantinho na frente do estabelecimento, resolver um pequeno problema ou comprar algo e sair poucos minutos depois te poupa um tempo danado... o que faz sobrar mais tempo para outras coisas.
3. Pilotar moto me deixou (ainda) mais cuidadoso com outros veículos, o que despertou em mim uma empatia natural pelas pessoas que os conduzem. Graças à minha nova vida sobre a motoca, agora interajo com pessoas no trânsito, assim como ao me locomover à pé. Ou até mais!
4. Moto, mesmo levada bem a sério, tem um quê de brinquedo. Logo, na moto me permiti brincar mais, pensar menos, adotar o caminho mais longo e bonito ao invés daquele caminho de sempre. Com mais confiança na pilotagem, passei a curtir mais a sensação do vento, as respostas da direção, a aderência dos pneus, a força G pra lá, pra cá... Tomei alguns sustos, mas todos me ensinaram bastante também e me fizeram pilotar melhor depois.
5. Essa lista não ficará completa nunca... rsrs... parei aqui.

Se você usa moto - seja homeopaticamente, seja por trabalho, seja por paixão mesmo - vai concordar comigo e lembrar de várias coisas que não falei! E isso é ótimo! Fique à vontade para comentar.

Um abraço, boa sexta!

quinta-feira, 13 de março de 2014

E o assunto é...

... a felicidade.

Ah, essa tal de felicidade...

Entre ontem e hoje li dois textos legais sobre felicidade. Um é do Alex Castro, que escreve para o Papo de Homem. Belo texto, elemento de sua série de palestras (e em breve livro, As Prisões). Leia o dito cujo aqui.

Outro é uma entrevista de 2005 com Allan Wallace à revista Tricycle. Para quem não o conhece, ele é um dos principais estudiosos ocidentais sobre práticas contemplativas do budismo. É uma entrevista com cara de conversa entre bons amigos, lições gentis para um mundo que pouco tem valorizado a gentileza.

Ambos os textos diferem em vários pontos, mas me colocaram para pensar no assunto hoje, pois tem como principal elemento a busca pela felicidade como fonte de sofrimento. Afinal, todos queremos ser felizes, satisfeitos, onde está o mal em buscar isso para si?

Faço aqui uma breve reflexão, olhando para meu próprio umbigo. 

Não sei quanto a vocês (e gostaria de saber!), mas tenho tido experiências muito ricas nos últimos anos ao pensar com calma, direitinho, no que é esse negócio de felicidade. No que significa para mim ser feliz. É um caminho longo (que pode inclusive trazer mais confusão à sua cabeça), mas que, semana aqui, semana ali, traz algumas conclusões que ficam para a vida. Trago aqui duas, mas certamente voltarei a esse assunto.

A que está mais presente no meu dia a dia: felicidade é transitória, um breve momento. Mesmo quando muito felizes por algum motivo, esse sentimento não permanece com igual intensidade por todo seu dia ou seus dias. Ela dá lugar a outros estados de espírito, que não são necessariamente piores, apenas diferentes e igualmente transitórios. Logo, quando caiu essa ficha para mim, passei a aceitar e respeitar meus outros estados e humores, mesmo os que tanto sempre repeli, como a raiva, a vergonha, a inveja. Aceitar essa impermanência permite viver mais saborosamente o momento feliz (que, puxa, vai passar) e menos reativamente os tempos de mau humor. Trocando em miúdos, somos várias coisas, mas podemos estar felizes em alguns períodos da vida.

Putz... adoro café com bolo! 

Outra muito importante para mim: felicidade não é o que atingimos. Sejam patrimônios, roupas, conquistas amorosas, profissionais, esportivas, etc. O que fazemos pode nos despertar o sentimento de felicidade, mas a conquista não é a felicidade em si. Parece óbvio, mas não se dar conta dessa diferença básica nos leva a fazer associações automáticas como "quando tiver aquele carro, serei bem mais feliz" ou "quando viver naquela relação com aquela pessoa serei feliz". (Com o tempo, as armadilhas ficam mais fáceis de se identificar, uma vez que no parágrafo anterior percebemos que não somos, mas estamos felizes...) Para mim, desde que me dediquei mais seriamente à meditação as coisas ganharam valor muito mais pelo como fazer do que o que se atingir. O papel da meditação também fica para outro post.

Vejam que sou mero iniciante na busca pelo autoconhecimento e as ferramentas utilizadas nessa busca. Sintam-se livres a comentar, sugerir, criticar. Adoraria conhecê-los melhor.

Um abraço, bom final de quinta!

quarta-feira, 12 de março de 2014

"Quer dizer então que é só começar?"

Boa tarde, amigos e amigas,

Começa aqui um espaço para compartilhar algumas experiências minhas, espero que sejam úteis. Se descobrir que alguém passou a pensar diferente ou mesmo deixou de passar apuros por algo que escrevi, me dou por feliz e posso fechar o blog sem remorso rsrs...


Começo por mim: sou Alexandre, 34 anos. Brasileiro, nascido em Brasília, filho de pais baianos. Me considero um cara tranquilo e gente boa. Procuro ter foco nas pequenas coisas boas da vida para cultivar um sorriso para quem quiser. Sou biólogo de formação, trabalho na área ambiental, o que muito me satisfaz. Sou músico nas horas vagas, motociclista cuidadoso e esforçado, motorista que sempre curtiu carros, desde pequeno. O resto sobre mim vocês vão descobrir ao longo das postagens.



Já trabalhei com incêndios florestais. Era muitíssimo legal!

Por ter passado dos 30, já vivi algumas coisas e derrubei algumas certezas de minha vida. Na real, várias delas. Nos últimos anos passei a me interessar por diferentes formas de autoconhecimento, que me ajudaram a cristalizar algumas visões da vida. Vou compartilhar alguns casos do passado, algumas novidades e bobeiras que chegam até mim e se revelam interessantes.

Como percebem, o blog se chama O que aprendi com elas. Nunca fui bom em dar nomes, mas para mim esse é um nome com duas referências importantes. Uma é a do aprender: minha visão é de que aprendemos continuamente com todos, bons e maus exemplos. É mais uma questão de estar aberto a perceber, o que pode requerer algum treino e vivência. Outra é a esse elas: surgiu de minha intenção inicial de se criar um blog somente sobre motos, que é algo muito gostoso de se escrever sobre. Depois repensei e vi que seria uma pena se fechar nesse assunto. Puxa, tanta coisa legal pra colocar em textos. Ficou elas.


Em breve se iniciam as postagens. Desejo aqui trazer algo para se passar seu tempo, tomara que goste. Gostando ou não, não seja tímido, comente. Será legal conversar por aqui também.


Abraço.